quinta-feira, junho 30, 2005

¡Adentro!

Pertinho de aqui há um lugar que te levasse, prenda, faria grande bem. O céu é de estrelas, ave e morcego, e nós bebemos e celebramos a dita que nos absorve. Vida a teu lado é assim, abrir campo no espaço, buscar vau no riacho.
Pertinho de aqui, prenda, querência que te acolhesse, faria grande bem. O brilho do teu cabelo, abate de boi; sobe em meu cavalo, a meu lado vive, vela o mar do pasto, o minuano dos cantis secos.
Minha prenda, vem bem pertinho de aqui, grande bem faria se perto da fria erva encontrasse o rastro dos teus irmãos. Sob meu teto, o negro de teus olhos ilumina a luz de lampião. Escuta a guitarra em meu peito, aceita a rés que apascento.
Aqui, prenda, volteia o infinito que te trago, como um pobre o pão aziago. Espalha teu querer por onde as beiras delineiam, suscintas, nossa parte. Faz com arte, meu amor, pois tua vez na vida inteira é reta, não serpenteia.

terça-feira, junho 28, 2005

Um

A hora é amarga, vagão de trem que não se espera, normalmente.
Ao tremer o chão, o peso da cabeça desviou a atenção do principal: o imenso verme, casca do nada, entrementes, a engolir o presente, tristonha dália. Poucas aos poucos indo, à maneira de holocausto, gerações e gerações, não muitas, antes do esquecimento. Virgem rotina dos deuses, aspirador portátil. Amigos meus, vítimas das dores do amanhecer, cara carne imolada em altares modernos, fogem à causa do fracasso inerte, algas azuis. Amores meus, vírgulas, ocultos em emanações e cortinas, à prova de ribalta, erudição de escaravelhos carboníferos. Vernáculo amaro, eis a hora.
Valem-me as coisas, que do alto posso contemplar, em lembrança. O passeio duro e áspero dos ares valseados, dos frios cortantes, e as roupas dentro de insetos, dentro de o verme. Páscoa de nossos dias é saber e conseguir versar sobre o escolhido, como sujeito antes de predicado. Dura pena como dura a vida, saber voar encantado.