terça-feira, junho 28, 2005

Um

A hora é amarga, vagão de trem que não se espera, normalmente.
Ao tremer o chão, o peso da cabeça desviou a atenção do principal: o imenso verme, casca do nada, entrementes, a engolir o presente, tristonha dália. Poucas aos poucos indo, à maneira de holocausto, gerações e gerações, não muitas, antes do esquecimento. Virgem rotina dos deuses, aspirador portátil. Amigos meus, vítimas das dores do amanhecer, cara carne imolada em altares modernos, fogem à causa do fracasso inerte, algas azuis. Amores meus, vírgulas, ocultos em emanações e cortinas, à prova de ribalta, erudição de escaravelhos carboníferos. Vernáculo amaro, eis a hora.
Valem-me as coisas, que do alto posso contemplar, em lembrança. O passeio duro e áspero dos ares valseados, dos frios cortantes, e as roupas dentro de insetos, dentro de o verme. Páscoa de nossos dias é saber e conseguir versar sobre o escolhido, como sujeito antes de predicado. Dura pena como dura a vida, saber voar encantado.