quinta-feira, maio 12, 2005

Cherchez-la

Melhor assim como sempre esteve: lúcida e translúcida. A cada dia nasce e morre de rir, efeméride de tempos idos. Burlando as entrevistas fastidiosas, a rata ignora a burocracia. Ela sim, nasceu para ser livre na terra de ninguém. Sobre as pontes da ira, revira condições, anula infortúnios. É uma entidade, lei severa da vida.
Em verdade, não saberia dizer quem é uma. Rata breve e jocunda. Volta de onde sempre veio, nesse dia imenso, a carpir minas e minas. Semblante boboca, por vezes a mostrar descaso onde só acaso predomina. Rata-coelha a roer cortesia - a dor célere da fantasia no átimo das nossas rotinas - que então enfia-se vagabunda por ladrões da grã-finagem. Espia, late, afunda. Goza no saber barato de frescas notícias, quando não as patrocina.
Batista de tanta carnificina, perdoa a todos por dia, como mais um. Viola a carne de sua amiga, na beirada da esquina, sarjeta em que pechincha luxos. Perdulária e rancorosa vagina. Verdugo de tantas dores, porque sente suas as de outrem. Mastodôntico medo cristalino de longas narinas.
Essa rata é maldita, lazarenta. Eterna proveta abortiva. Contagem dos mortos entre os vivos, em classificação preventiva. A mistura composta de ontem e hoje abarca continentes e alimenta as serpentes. Enquanto vive rata, viva o número, viva a excrescência das latitudes contábeis, viva o absoluto credo dos amálgamas comunicativos, viva a comanda distraída, viva a néscia capacidade, o julgar oportuno, a imitação comedida, o diminuto cérebro.
Coração dirimido, em zonas. Acabada a grande farsa e o riso. Tétrica fachada, ratazana câncrea. Drama consumido.
É ser assim todo dia, como se não acabasse, atual efeméride. Lúcida e translúcida, como sempre: escapulida.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oi primo!
Lendo todas essas coisas que vc escreve, logo chego na conclusão que estou num nível muito abaixo da tua inteligência, sendo assim, incapaz de entender o significado de tudo aquilo.
Bom, mas saiba que vc tem a minha admiração sempre.
Te adoro!

16/5/05 00:07  

Postar um comentário

<< Home