segunda-feira, julho 19, 2004

A fria nuca de um pterodáctilo. Nada me tira a tristeza da ciência: o desaparecimento dessa existência. Buscava apenas segurar o ar do mundo, ó quão belas manoplas e manobras. Nada explica. Na desobediência dos contemporâneos, tudo escapa de sua postura, morros e falésias dominados, tomados à exaustão milênios afora. Quem lhe soube pássaro o desafia, nada lhe cai tão bem como o sol da manhã e a brisa da tarde, único resíduo ontem encontrado em suas vísceras. Partiu bem, vendo a enseada e o infinito azul de não ter pelos ou penas. Talvez fechasse os olhos por medo do grande jabuti.
Doudo viver e duro, a velha sonha ter asas para visitar seu passado. Creio ter ouvido isso algum dia, enquanto sondava o oco dos célebros das periferias. A potência lancinante das gerações futuras disparou-me a mutação, hoje por ela, cujo frio transita consciências.
Criatura desconhecida e nada ignóbil, alguém é por ti no reino branco das insolências.