sexta-feira, abril 29, 2005

Morsa, uma mulher. A pobre, simples. Gorda e incapaz de viver como a santidade manda. Longos dentes e quem nunca sabe, pensamentos. Tecido mórbido, esqueleto inefável das orlas quebradas, inabitante mor. Desejada por nada aquém de distâncias. Ouvinte morsa, preocupada, benfazeja. Naturada, portanto, indiferente, apenas crente. Familiar, novamente simples, quase hospitalar. Dedicada leitora de si mesma, abaixo das capacidades sintáticas. Indesejável por todos, sorri, longos dentes.
Morsa, uma cretina, nunca otária. Investigando ódios nos céus, achou para si uma rinha barata. Ignorante, a vestir a roupa que não lhe presta. Investidura em uma morsa é loucura, são violentas, rancorosas. Deitam culpa sobre o primeiro, consideram sereias, consideram-se. Órbitas, gaivotas, o desdém do desejo contido. Pequenas marchas ao paraíso, que reputam repugnante, veredas pedregosas, varizes ruídas.
Morsas aquáticas, arqueadas, velhas, antipáticas. Furtam um passado nunca vivido. Roubam da prole o certo do querido. Intactas manchas no oceano, pacífico. Eternas morsas em canto doído. Fábricas de sonhos belos e decaídos, fantasmagorias de presas. Vidas errantes e incertas, doidas princesas.

1 Comments:

Blogger Anvil said...

Aê, aê.

30/4/05 11:55  

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