terça-feira, novembro 23, 2004

Uma lontra, meu amor, minha vida!
Três coisas belas e bestas. Esse sorrisinho miserável que Deus te deu.
Mãozinha de dedos frágeis e habilidosos, quebro-os todos com o mero pensamento. Teu adorável caminhar trôpego na noite se aquieta, ut animalia viderent.
Eu, entre os juncos, longo demais para não ser notado, quieto demais para ser percebido, espero que esqueças dos assédios e me deixe qualquer vida nos frios e lamacentos peixes que ora envelhecem.
Olhei-te sempre admirado, estúpido arregalo que trouxe a noite e a justiça.
Grande mistério.
Vejo tuas belas presas e a água que nunca é a mesma quando passas. Minha barata filosofia canta-te uma canção, mas não há redenção. Quisera que fosse assim e é.
Meu amor, minha vida, admirável. Alas que me valham no crepúsculo.
Apenas deitar-te num lugar que escolhi...