O veludo das virgens
Sente o perfume irisado,
Ouve o afinado riso
Das acetinadas
Virgens, como que vazias
Estrelas no ocaso vivo,
Sentinelas divulgadas
Com forte alarido.
Vê, agora, atrás das portas
Esquecidas, desmontadas
Éguas fortes e fiéis,
Flechas amoladas.
Verteram atrás de si
Um oceano de sangue.
É seu uso se vestir
De veludo branco.
As coroas seus cabelos,
Os olhos muitos espelhos
Partiram com zelo.
As belas virgens do ocaso
Amam-te, pela manhã,
Cantam-te belas canções
De um tempo futuro.
No futuro, vespertinas,
Dançam para o horizonte
Abrindo-se a tua semente,
Condição divina.
Resta o sol, tímidos raios
Escondidos, agrupadas
Embaralham-se no ninho,
Cosem as mortalhas.
Vê nos seios mutilados
As palavras, quase nada.
Distantes e sós estão nas
Sombras evaporadas.
O que de grado te digo:
Essa não é mais que aquela
Que diz ser a lua.
Vira teus versos adentro,
As tulipas, rododendros,
Esquece, e as rosas.
Suficientes e quietas,
(Quiçá mesmo aveludadas)
Mil flores silvestres.
Não tenhas sonhos, resiste,
Pois a alvorada te espera;
Tens cansada a vista.
Mas lembra que no poente
Deixaste uma bela imagem
Por outra, contente.
2 Comments:
lindo
Antes achei lindo. Agora que voltei, achei primoroso :)
A métrica, perfeita, com a variação de 7 pra 5 tempos no final da estrofe, causa um efeito bem interessante.
Belas imagens das virgens-musas anunciando o futuro.
Beijos e parabéns.
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