quarta-feira, julho 16, 2008

O veludo das virgens

Olha os adornos floridos,
Sente o perfume irisado,
Ouve o afinado riso
Das acetinadas

Virgens, como que vazias
Estrelas no ocaso vivo,
Sentinelas divulgadas
Com forte alarido.

Vê, agora, atrás das portas
Esquecidas, desmontadas
Éguas fortes e fiéis,
Flechas amoladas.

Verteram atrás de si
Um oceano de sangue.
É seu uso se vestir
De veludo branco.

Os pés por si adornados,
As coroas seus cabelos,
Os olhos muitos espelhos
Partiram com zelo.

As belas virgens do ocaso
Amam-te, pela manhã,
Cantam-te belas canções
De um tempo futuro.

No futuro, vespertinas,
Dançam para o horizonte
Abrindo-se a tua semente,
Condição divina.

Resta o sol, tímidos raios
Escondidos, agrupadas
Embaralham-se no ninho,
Cosem as mortalhas.

Vê nos seios mutilados
As palavras, quase nada.
Distantes e sós estão nas
Sombras evaporadas.

Estimado amigo, vê
O que de grado te digo:
Essa não é mais que aquela
Que diz ser a lua.

Derruba o sentido agora,
Vira teus versos adentro,
As tulipas, rododendros,
Esquece, e as rosas.

Há em tua propriedade,
Suficientes e quietas,
(Quiçá mesmo aveludadas)
Mil flores silvestres.

À noite, dorme feliz,
Não tenhas sonhos, resiste,
Pois a alvorada te espera;
Tens cansada a vista.

Espera-te a nova vaga.
Mas lembra que no poente
Deixaste uma bela imagem
Por outra, contente.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

lindo

18/2/09 12:04  
Anonymous Anônimo said...

Antes achei lindo. Agora que voltei, achei primoroso :)
A métrica, perfeita, com a variação de 7 pra 5 tempos no final da estrofe, causa um efeito bem interessante.
Belas imagens das virgens-musas anunciando o futuro.
Beijos e parabéns.

18/2/09 18:25  

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