sexta-feira, julho 04, 2008

Silêncio, por favor

A Biblioteca Branca de Alexandria está escondida.
A Biblioteca Branca de Alexandria está preservada.
A Biblioteca Branca de Alexandria não adquire, não empresta.
A Biblioteca Branca de Alexandria está em decomposição e, no entanto, só cresce.
A Biblioteca Branca de Alexandria contém fungos que há milênios estão extintos de qualquer outro lugar da Terra.
Os fungos mantêm o gesso de que é feita a Biblioteca Branca de Alexandria sempre livre do relento.
A rica vegetação que cobre o átrio da Biblioteca Branca de Alexandria detém em suas moléculas a panacéia da existência.
Sob a crosta de nematódeos de um dos tomos da Biblioteca Branca de Alexandria há o único pensamento verdadeiro jamais composto.
Na eterna penumbra da Biblioteca Branca de Alexandria, os ratos se tornam morcegos vampiros toda noite, e é essa a única maneira de ver o tempo passar.
Só uma flor brota do solo alcalino da Biblioteca Branca de Alexandria e é dela todo o perfume que por lá recende.
Há uma coerência na organização dos volumes da Biblioteca Branca de Alexandria há muito perdida.
A Biblioteca Branca de Alexandria fez de seus empregados escravos, e eles se deram a isso de boa vontade.
Os ossos dos escravos da Biblioteca Branca de Alexandria são brancos.
A Biblioteca Branca de Alexandria não tem mistérios.
Se alguma vez estiveres em Alexandria, não procures por ela, pois a Biblioteca Branca de Alexandria pode estar em qualquer parte, menos em Alexandria.